DBD - Vasco Ramalho DMAD/2021

-CROQUI DO ARTEFACTO  

 

  A cinesfera na performance da marimba Como referido anteriormente, a marimba é um instrumento musical de grande porte e que em função do que é exigido artisticamente pode requerer grandes movimentações na sua execução. Falamos de um instrumento com quase 3 metros de comprimento, como tal os compositores têm a noção de que na escrita para marimba há questões musicais impossíveis de realizar. Keiko Abe foi uma das mais importantes personalidades no desenvolvimento da marimba, além do seu contributo relacionado com a extensão da tessitura do instrumento, encomendou e compôs dezenas de obras. O seu conhecimento profundo sobre o instrumento e suas possibilidades são visíveis na qualidade das suas obras, quer em termos composicionais e conceptuais como em termos técnicos e ergonómicos. O que proponho de seguida é um processo de consciencialização do conceito cinesfera apresentado por Laban. Em dois excertos de obras da compositora Keiko Abe aplicaremos uma fusão entre o Movin´Grips do prof

Laban, ao conceber seu sistema de movimento, faz uma analogia entre o corpo humano e os corpos geométricos, pois, segundo ele, os movi- mentos daquele têm a possibilidade de construir no espaço, poliedros platônicos que são corpos geométricos regulares. Somente cinco polie- dros apresentam regularidade em sua conformação, e, classificados de acordo com o número de faces recebem os nomes de tetraedro, hexaedro, octaedro, dodecaedro e icosaedro. Ficaram conhecidos como poliedros de Platão porque esse filósofo os estudou, referindo-se a eles em sua obra  Timeu , onde associou cada um deles a um elemento da natureza: tetraedro – fogo; hexaedro – terra; octaedro – ar; icosaedro – água, sendo o dodecaedro representativo do universo como um todo. Baseando-se nas ideias de Platão, quanto à perfeição das formas dos sólidos geométricos, Laban organizou percursos a serem seguidos pelos movimentos do corpo, explorando no espaço os elementos de poliedros platônicos imaginários.

A palavra espetáculo refere-se a uma condição especial de tudo que se oferece ao olhar, pois “este termo  genérico aplica-se à parte visível da peça (representação), a todas as formas de arte de representação (dança, ópera, cinema, mímica, circo, etc.)”. espetacularizar, neste contexto, significa uma mudança de foco, uma nova ótica, sobre um dado objeto, neste caso o gesto, trazendo-o para uma condição extraordinária, de estranhamento dentro da cena teatral. Essa cena já não é mais necessariamente aquela situada num espaço físico com uma série de preceitos a que se convencionou denominar de teatro, mas a cena que se cria quando se cria uma situação espaço temporal em que possa haver um ato transacional entre performer e espectador, um espaço que garante que o que foi estranhado, imbuído de significado e dado a ver possa ser percebido, visto. A palavra teatro - que vem do grego  thestai -  etimologicamente falando, significa o local onde se vai exercer o se